terça-feira, julho 25, 2006

Gaviões da Fiel x Carlitos Tevez

Carlos Tevez trocou a Casa Amarilla pelo Pq. São Jorge, chegou demonstrando empenho e raça, e foi, ao lado de Luiz Zveiter, grande responsável pela conquista do campeonato brasileiro de 2005.

Mas desde que aportou em São Paulo teve que responder às especulações de que seu contrato com o SCCP não passa de ponte para o Chelsea ou algum outro clube europeu. O ano de 2005 passou e Carlitos ficou por aqui. Em 2006, todos apostavam que após a Copa do Mundo nada nem ninguém poderia segura-lo no Brasil. A Copa acabou e Carlitos segue no Tatuapé. Foi pra Buenos Aires de férias, atrasou sua volta, e reacendeu as especulações.

A torcida do Corinthians, por sua vez, idolatrou o portenho desde o início. Tevez mostrou que tinha raça e muita vontade de jogar, além do inquestionável talento. "Êo, êo, o Carlitos é um terror", cantou a galera. Quando todo o time era cobrado pela desclassificação na Libertadores e pelo mau desempenho no Brasileiro de 2006, o argentino era absolvido.

Mas no último sábado aconteceu um fato novo. Pode-se dizer que a relação Carlitos - Fiel estremeceu por conta do contraste cultural entre o futebol brasileiro e o futebol argentino. Tevez está acostumado aos hinchas bosteros, que cantam sem parar mesmo que o Boca Juniors esteja perdendo em casa por 10 a 0. E os Gaviões estão acostumados aos jogadores omissos e comprometidos, que pagam churrascos e fazem doações à escola de samba para escapar da cobrança.

Pode ser que com aquele gesto de dedo indicador esticado sobre os lábios na comemoração do gol Carlos Tevez tenha encerrado sua passagem no Corinthians. Membros da Gaviões cercaram o carro do atacante e distribuíram chutes nas portas. Tevez já disse que se não o quiserem no time, sem problemas, ele pega seu boné e se manda.

Talvez dessa maneira tudo acabe bem para todas as partes. Tevez vai para a Europa sem ter que se indispor com a torcida e sem carregar a pecha de mercenário. A MSI recupera o investimento no craque e ainda faz um bom lucro com a operação. O presidente Alberto Dualibi ganha alguma força, já que Kia perde apelo frente à torcida com a saída de Carlitos. E a Gaviões da Fiel mostra que manda no clube, tirando qualquer jogador na hora que bem entender, usando de intimidação e violência.

Só quem perde é o verdadeiro torcedor corinthiano, que vai enxergar a série B cada vez mais de perto sem Carlitos.